#62 O designer precisa de amigos
Your problems adjust to their true level of importance after a hard workout and a good night of sleep.–James Clear
Uma das perguntas mais recorrentes em sessões de dúvidas com quem está a entrar no mercado de trabalho criativo é como consigo os primeiros clientes? aliás, como consigo clientes, de todo?
A vontade é mesmo perguntar, mas onde é que está toda a gente?
Parece mistério, parece segredo, e a coisa não se resolve facilmente porque qualquer pessoa que já esteja nisto há alguns anos vai começar por responder que, bem, tens de ir conhecendo pessoas. Ora. E depois chegas a outras pessoas. É o networking, o agora falem no final dos eventos.
Há quem esteja como peixe na água nestes momentos, desde sempre, mas para a maioria dos mortais, abordar um estranho e fazê-lo simpatizar connosco **parece Consequência que nos calhou porque não escolhemos Verdade. Sei que muitas vezes ainda é assim para mim, e para outras pessoas como eu que gostam de trabalho criativo porque podem estar no seu canto a fazer as suas coisinhas e não ser incomodadas. Ser social não estava na lista quando escolhi Artes Visuais, mas cá estamos: é quase obrigatório.
Por isso, eis uma lista selecionada de algumas coisas que fui aprendendo e que facilitam o networking, pensada para introvertidos como eu:
Evitar pedir de desculpa por tudo e por nada ****(quem tem este tique sabe)
Se passarmos a conversa a ouvir 90% do tempo, para a outra pessoa vai ser uma excelente conversa. A maior parte das pessoas adora oportunidades para falar de si mesmo a alguém que mostre genuíno interesse.
Se a pessoa não falar pelos cotovelos, faz perguntas nos teus 10% do tempo.
Se é alguém que admiras/segues/queres impressionar, faz alguma pesquisa (tens uma máquina para isso no bolso, se não houver muito tempo antes), pensa em boas perguntas. Uma boa pergunta faz toda a diferença.
Gravar a tua voz, ou está atenta à forma como falas, para identificar bordões de linguagem (que são aquelas palavras que usamos como bengala). Para muita gente é o tipo, ou sim, ou não. Para mim é o portanto, o percebes. Pode ser um simples eeerrrr…. Isto vai ajudar-te a ser mais intencional no discurso e, assim, mais fluente.
Relacionado com o de cima: fazer pausas a falar é ok. Pensar antes de responder é ok. Sobretudo quando respondemos a perguntas de potenciais clientes, se a resposta não for fácil, é ok dizer que temos de pensar um pouco sobre o assunto e ligamos mais tarde. Ajuda a tomar melhores decisões. Aprendi isto quando trabalhava num Hotel. Como people-pleaser em recuperação, queria resolver os problemas que apareciam, propunha-me a isso, e muitas vezes dava asneira. Dizer que ia confirmar com a gerente era o suficiente para pensar dois minutos e tomar uma decisão melhor, inclusive encontrar justificação no caso de ter de rejeitar pedidos.
Quando a linguagem corporal é um problema por ficas demasiado consciente do teu corpo (mas o que faço com as mãos…?), imita o que a outra pessoa está a fazer.
Usa a fast food rule, especialmente para briefings e reuniões, ou com pessoas muito agitadas: repete ou resume a última coisa que a pessoa te disse. Isto ajuda a clarificar o discurso e a reduzir imenso falhas de comunicação (é por isso que o McDonald’s repete o teu pedido depois de o pedires). Em conversas, pegar na última ideia e fazer uma nova pergunta ajuda a manteres o ónus na outra pessoa e continuares na posição de quem ouve.
Sobre a pergunta dos primeiros clientes, retomamos o tema na próxima edição, daqui a 15 dias.
Até breve,
Sofia
Para seguir
Mariana Vieira (Productivity for Humans)
A Mariana começou um canal no YouTube em 2016 e é uma das pessoas que sigo há mais tempo. Aquele seguir sem nunca comentar ou enviar mensagens, mas mesmo assim atento. Temos muito em comum e a maneira como ela trabalha sempre me inspirou. No site dela há recursos para explorar.


Da internet
Dupe Photos
Imagens de banco de imagens que não parecem imagens de banco de imagens. Tenho usado o Dupe para redes sociais e até para algumas capas do Substack. É gratuito, tem limite de downloads se não criares conta.
Esta semana
Five Attitudes Towards Climate Change (and the impact on our society) Foi muito elucidativo ler este texto e fácil de concordar que não há só duas frentes nesta discussão (que não devia ser uma discussão!).
Designer Aumentado Um curso sobre inteligência artificial para designers. Neste momento está fechado, mas podem inscrever-se em lista de espera. É das primeiras coisas que vejo com pés e cabeça, muito prático e bem construído. Comprei e estou a fazer a primeira edição e darei feedback quando concluir. Se o assunto vos interessa, o Alex Monteiro é a pessoa para seguirem.
Feel Good Productivity Adiei a leitura deste porque a dado momento, se forem vários seguidos, os livros sobre produtividade começam a parecer-nos todos iguais. Este, do Ali Abdaal, tem uma vibe diferente, mais leve, com a tónica em fazer o que nos faz sentir bem. Tem vários exercícios práticos e recomendo sobretudo se andam na mó de baixo.
Entretanto, no luscofia®
Fui a Guimarães à 3.ª edição do Enter the Void, do IPCA.
Dei uma masterclass sobre Orçamentos às turmas de Produção Gráfica da ETIC (que já faço desde 2021!)
Participei no The Common Ground, um projeto de final de licenciatura com muito potencial, que juntou alunos do último ano de Design de Comunicação e vários profissionais já inseridos no mercado de trabalho.
Obrigada pelo Dupe, não conheci, li aqui e apliquei logo numa coisa que estava a fazer para o trabalho!